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Senhor de 92 anos rouba a cena no Brasileiro de tiro esportivo no Rio

Foto: Gabriel Fricke

Usando seu andador, Seu Salles vai percorrendo os corredores do Complexo Olímpico de Deodoro, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Foto: Gabriel Fricke

Usando seu andador, Seu Salles vai percorrendo os corredores do Complexo Olímpico de Deodoro, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Trocando sorrisos e contando histórias, ele contagia os presentes e rouba a cena no Campeonato Brasileiro de tiro esportivo, que vai até domingo no local onde, em 2016, foram realizadas as provas da modalidade. Edmar Vianna de Salles é figurinha carimbada no torneio nacional e é o filiado número 2 da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo

O primeiro filiado já morreu (risos) – brinca o simpático senhor, que mora em Belo Horizonte, Minas Gerais, e veio de carro com o filho, também atleta, competir no Rio de Janeiro.

Seu Salles, de 92 anos, é destaque no Brasileiro de tiro esportivo — Foto: Rafael Sollberg / Divulgação CBTE

Seu Salles começou a atirar em 6 de outubro de 1946 na prova de carabina para calouros. Ele gosta de frisar que lembra “direitinho da data”:

Eu vi no jornal que tinha uma competição. Perguntei para o meu pai se eu podia entrar nessa prova. E ele disse: “Mas você não sabe atirar”. Eu falei: “Quero ver como é”. Meu pai disse que ia acertar uma carabina pra mim. Fui lá, era um alvo de 50m. Fiz 83 pontos, e o outro rival fez 81. Fiquei na frente. Nunca mais parei – contou o esportista, que disputa sua prova no Brasileiro neste sábado, na parte da manhã.

De acordo com Seu Salles, o que o motiva a seguir competindo é que o tiro esportivo é um algo apaixonante. Para ele, é “algo sem fim, motivante, onde você sempre quer melhorar e não há interrupção na carreira para quem trata da parte física.

Fui um péssimo nadador, mas não deixei de nadar, nado de segunda a sexta, me ajudou. A natação com outras coisas que fazemos ajudam. Pilates, por exemplo. Estou com um problema, vou operar na próxima quarta o desgaste do joelho, vou fazer uma prótese no quadril. Quero poder voltar a atirar da carabina de pé – falou o atleta, que compete na carabina deitado 50m.

Seu Salles, de 92 anos, treinando na carabina de 50m — Foto: Rafael Sollberg / Divulgação CBTE

Eu fiz a primeira consulta com o médico e ele perguntou: “Quando você quer operar?”. Falei fim de novembro. Ele perguntou o motivo. Eu falei: “O Brasileiro”. Eu nunca perdi um. Competi desde 50. Quer dizer, no de 51 eu não fui porque machuquei o pé. Só nesse que faltei. Meu pai falava: “tiro é que nem piano. Você estuda sete anos para dar um concerto”. Mas eu queria competir logo. Nesse, eu vim pensando que eu ia fazer o possível para ter o meu melhor resultado nas condições atuais, não estou em condições pra fazer o meu melhor resultado, mas é apaixonante.

Seu Salles competiu inclusive nos Jogos Olímpicos. Foi na edição de 1968, no México:

Antigamente meu coração disparava. Na Olimpíada, eu tava deitado do lado cubano, vi um cubano tirando a pulsação. Tirei o meu também. Eu tinha lido que quando ficasse com um pulso alto, todos os sentidos ficavam melhores. Só quem atira é que sabe. É uma sensação maravilhosa. Tem que ter um preparo físico também. Se você não faz algo de acordo, vai chegar na hora da prova e vai cansar. Você sua e faz força sem sentir que está fazendo força. Se sentir que tá fazendo força, está errado – concluiu o competidor, 11 vezes campeão brasileiro.

Seu Salles vestindo sua roupa de competição — Foto: Rafael Sollberg / Divulgação CBTE

Quase mil competidores estavam presentes no Centro Militar de Tiro Esportivo, no Complexo Esportivo de Deodoro, na busca pelo título nacional e também na disputa das provas olímpicas até domingo (25/11/2018). Dentro do evento, o destaque ficou para as provas olímpicas, que reuniram nomes importantes como o medalhista olímpico de prata, Felipe Wu, e o campeão mundial Julio Almeida.

Foram no total 6 provas de tiro ao prato, sendo 5 delas olímpicas, e outras 55 de tiro ao alvo (Carabina e Pistola), sendo dez olímpicas e 13 paralímpicas. As categorias das provas olímpicas nesta fase final do Campeonato Brasileiro são Júnior, Juvenil, Para-atleta, Sénior, Dama, Master e Veterano.

Considerado o maior evento de Campeonato Brasileiro já realizado pela Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, a competição acontece em cinco dias e tem previsão de entrega de quase mil medalhas. Para participar, os atletas precisam estar filiados à CBTE, mas apenas os melhores ranqueados nas etapas estaduais ao longo do ano têm chances de medalhas.

O campeonato é o último evento de grande porte que antecede a Copa Mundo da modalidade, que acontecerá também no Rio de Janeiro sob a chancela da ISSF (International Shooting Sports Federation) órgão que gere o Tiro Esportivo pelo mundo, entre agosto e setembro de 2019 e garantirá 16 vagas para a Olimpíada de Tóquio em 2020.

Final do Campeonato Brasileiro de Tiro Esportivo – 47ª edição

Data: 21 a 25 de novembro
Local: Centro Militar de Tiro Esportivo – Av. Brasil, 26.196 (próximo ao entroncamento da Via Transolímpica)
Horário: 9h às 16h

 

Por Por Gabriel Fricke e Igor Tavares

Fonte: https://glo.bo/2P4pB8v

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