Presenciar ou estar em um evento de atirador ativo é de fato uma das piores experiências para uma pessoa, contudo, saber o que fazer antes que algo aconteça é a chave para a sobrevivência. Essa afirmativa está descrita em todos os protocolos sobre violência ativa já produzidos até hoje em todo o mundo.
O DoD Homeland Security, vem preparando a sociedade há algum tempo e já apresentou dois seminários sobre “Correr, Esconder, Lutar”, as três ações que as pessoas são incentivadas a seguir durante um evento de violência ativo. O FBI já divulga essas ações há mais de uma década, promovendo treinamentos e divulgando protocolos.
Incidentes com atiradores ativos são imprevisíveis e evoluem muito rapidamente, segundo o Departamento de Defesa Americano – DoD. As ameaças estão por toda parte e podemos vê-las em situações como ataques terroristas, atos violentos de vingança extremistas e ataques de lobos solitários a pessoas inocentes, tudo ocorrendo em algum lugar do planeta semanalmente. Saber o que você vai fazer se isso acontecer com você aumenta muito suas chances de sair vivo da situação. Tomar as medidas corretas na hora certa é imprescindível. Eventos como esses estão ocorrendo com uma frequência enorme no Brasil e se repetindo quase que diariamente nos noticiários.
Embora as chances sejam baixas de que uma situação de violência ativa se desenvolva em um local ou prédio público, as chances de isso acontecer não são zero. Desde 1966, mais de 200 ataques de atiradores ativos ocorreram nos Estados Unidos, de 2000 até 2022 foram 464 ataques no total, resultando em mais de 1.300 mortes e mais de 1.400 feridos, de acordo com estatísticas do Federal Bureau of Investigation – FBI e do ALERRT. O único objetivo de um atirador ativo é fazer baixas em massa, segundo o DoD, e as estatísticas mostram que a maioria dos atiradores ativos, cerca de 98 por cento, são homens e agem sozinhos. Ou seja, ainda que difícil de traçar um perfil adequado, a estatística desenha o perfil de forma lógica para o agressor.
As três ações devem ser tomadas em ordem, segundo o FBI e DoD, sendo a luta o último recurso. As pessoas devem primeiro tentar correr ou evacuar, se a opção estiver disponível e o atirador estiver longe o suficiente para evitar. Os protocolos encorajam as pessoas a conhecer e praticar várias maneiras de sair de uma área, escola, shopping, igreja ou edifício. Além disso, essas pessoas devem levar consigo as chaves do carro, cartão de acesso comum e celular, pois as chances de voltar ao local para recuperá-los são baixas. Claro, se for possível, não se deve retardar as ações por conta de objetos pessoais ou ações desnecessárias na cena, isso é muito importante e deve ser levado em consideração, saia o mais rápido possível.
Se encurralado, a próxima opção seria se esconder, segundo os protocolos do DoD e FBI. As pessoas devem encontrar um local ou sala, trancar e barricar a porta, criando barreiras entre o agressor e as pessoas que se escondem. Criar um bunker é uma boa opção para não permitir o acesso do agressor a você, negue acesso, construa barricadas eficientes. Trave maçanetas com cintos e/ou cadarços, use mesa ou cadeiras para ajudar nisso também. Você pode utilizar qualquer objeto para criar batentes nas portas e travá-las.
Sessenta por cento das situações de violência ativa terminaram antes que a polícia chegasse lá”, segundo dados do ALERRT, DoD e FBI. “Os eventos duram em média de 8 a 12 minutos, então é muito tempo para ficar sozinho. Contudo, dados do Advanced Law Enforcement Rapid Response Training – ALERRT possuem estudos que demonstram a chegada da polícia ao local em 3 min, o que gera discordância e deixa claro que manter-se escondido pode ser sim uma boa solução. Lembrando que a maioria dos sobreviventes se esconderam ou correram, portanto, mantenha-se seguro até a polícia chegar.
Se uma sala ou local não estiver disponível, as pessoas devem se esconder embaixo de uma mesa e fora da vista do agressor. As pessoas podem rastejar para debaixo de uma mesa e puxar latas de lixo, caixas ou uma bolsa grande para ajudar a se camuflar. Outra maneira de esconder facilmente uma vítima em potencial é puxar uma cadeira de escrivaninha com um longo casaco pendurado nas costas, para servir de anteparo.
Contudo, as barricadas e travas na porta são de fundamental importância para se manter fora do alcance e visão do agressor, promovendo maior segurança as pessoas. Algumas outras dicas que podem salvar vidas são: silenciar telefones celulares, não fazer barulho, apagar luzes, trancar portas, dificultar a visão do agressor. Essas medidas dão a ilusão de que você não está presente, tente permanecer agachado para poder pular e atacar o agressor da forma que conseguir neutraliza-lo, comprometa-se com suas ações, não pare até que ele não tenha mais reação. Garanta que ele não verá você, mas esteja preparado para atacá-lo de forma injusta, ou seja, de surpresa e com superioridade, caso ele te veja.
Embora a luta deva ser o último recurso, dependendo da situação, a reação inicial deve ser mudar para outro local, com maiores condições de ofensiva contra o agressor. O ataque precisa ser injusto, ou seja, todos contra o agressor. Lembre-se, o agressor está tentando matar o máximo de pessoas que pode, o mais rápido que pode. Atacando de forma coletiva e com armas improvisadas ganhamos vantagem. Assim, as chances são altas de sobreviver. Se mantendo seguro e fora de visão, o agressor provavelmente passará por você, mas se for preciso, neutralize-o. Assim que for seguro, ligue para o 190 e solicite apoio, diga se há vítimas no local.
Mas se a luta for realmente necessária, as pessoas devem procurar itens para usar como armas. Alguns exemplos são itens pesados como um perfurador de papel ou extintor de incêndio, tesouras para perfurar e até chaves de carro que podem ser usadas para cortar o rosto do agressor. Lembre-se, a luta precisa ser injusta contra o agressor, todos devem se comprometer com as ações e neutralizar a ameaça. Se você e demais pessoas estão treinados e sabem o que fazer se um agressor atentar contra vocês, suas chances de dominá-lo aumentam e, consequentemente a sobrevivência também. Não acione o alarme de incêndio, pois causa pânico e pode colocar as pessoas na linha de fogo enquanto fogem. O que daria muitos alvos ao agressor, pátios e corredores livres significa menos disponibilidade de alvos para o agressor e menos vítimas consequentemente.
Um agressor ativo pode ser um funcionário antigo ou atual do local onde está ocorrendo o atentado. Os colaboradores devem alertar a segurança e os recursos humanos se virem alguém agindo de maneira incomum ou com tipo de atitude suspeita. Embora aleatórias, as estatísticas mostram que 93% dos agressores ativos apresentavam sinais ou sintomas antes de atacar. Alguns indicadores de uma pessoa potencialmente violenta podem incluir alguns ou todos os sintomas que veremos a seguir:
Aumento do uso de álcool ou drogas
Aumento inexplicado do absenteísmo
Depressão ou abstinência
Mudanças de humor ou outras respostas emocionais fora de controle
Aumento da conversa sobre violência, armas ou outros comportamentos violentos