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Sobrevivência urbana

A História do APH Tático no Brasil e no Mundo

Muito se fala hoje sobre APH tático – APHT e, a nível mundial, a procura de informações fidedignas sobre o tema tornou-se um grande desafio. Este artigo busca sintetizar os grandes acontecimentos da história antiga e recente para construir a fio uma linha do tempo para que todos consigam compreender o surgimento, crescimento e consolidação do tema aqui abordado.

Mergulhando na história

Para entendermos o presente, precisamos olhar para o passado. Assim, precisamos voltar no tempo e compreender as demandas e necessidades que levaram a humanidade até ideias que permitiram estabelecer critérios de atuação médica em zonas de combate.

A medicina militar é bíblica e pode ser vista em algumas passagens. A Batalha de Kadesh, por exemplo, que envolveu os exércitos egípcios e hititas, ocorreu por volta do ano de 1274 a.C. e, muito provavelmente, originou a assinatura do primeiro tratado internacional de paz realizado entre duas nações em guerra. Toda história é contada pelo lado vencedor e, apesar da vitória ter sido conclamada por Ramsés II, possivelmente foi um final de batalha sem vencedores. Tudo isso encontra-se registrado em tabelas de argila encontradas por arqueólogos na região da Anatólia, atual Turquia, no início do século XX. As tábuas estavam escritas em acadiano, língua local a época, os hititas também se declararam vitoriosos na batalha, o que levou os arqueólogos a entenderem que houve empate no conflito. Contudo, não só sobre as batalhas essas fontes históricas nos deram de informação, relatos de feridos de batalha sendo tratados em campo chama a atenção para a ideia de cuidados ainda no fronte de batalha. Sequer foram treinados nas diretrizes do Tactical Combat Casualty Care e possuíam a noção da importância de tratar os feridos rapidamente.

Ao olharmos a linha histórica, podemos observar dezenas de outros momentos onde nações em guerra trataram seus feridos de combate, ou seja, tratar feridos em combate não é algo que surgiu ontem. Podemos perceber isso analisando a linha histórica abaixo.

 

A Evolução do APH Tático

Denomina-se APH Tático, o atendimento pré-hospitalar de emergência, ocorrido em operações táticas, situações de combate e outras situações específicas, sendo privada ou governamental, onde exista a necessidades de uso progressivo da força, como em operações policiais com feridos onde ocorra a necessidade de extração de policiais emboscados. Podendo ocorrer a necessidade de emprego do APH Tático ainda em, invasões táticas de locais com vítimas de sequestro, atendimento a combatentes feridos em operações de manutenção da paz, conflitos de guerrilha e guerra assimétrica, entre outros. O atendimento pré-hospitalar tático é uma das atividades de áreas como Enfermagem, Medicina e Paramedicina.

No Brasil, no inicio da segunda metade da década de 1990, o atendimento de emergência a policiais e/ou  militares feridos em operações, tanto urbanas quanto rurais, era feito basicamente de forma empírica, aparecendo quase que exclusivamente no seio das forças armadas, ou em grupamentos de operações policiais especiais, como o Batalhão de Operações Policiais especiais – BOPE do Rio de Janeiro onde o então Cap. Médico do BOPE Drº Abouch Krymchantowski inicia como o primeiro médico a exercer a função no BOPE, outra unidade que deve ser lembrada é o Comando Tático de Resgate (COMTAR) da Polícia Civil de Minas Gerais, criado em 1994, na sede da PUMA, em Belo Horizonte, Pelo Investigador Lemuel Soares de Araújo e o Médico Legista Dr. Waterson Brandão, que na época, com a participação do então Capitão Cláudio Vinício Serra Teixeira e do então Primeiro Tenente Felipe Aidar Martins, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais -CBMG, que gentilmente cedeu os equipamentos iniciais, usaram como referência a Counter Narcotics And Terrorism Operational Medical Support – CONTOMS para a implantação.

O nome APH Tático, entrou definitivamente no vocabulário dos profissionais de emergência médicas do país, após a criação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 192 – SAMU 192, em 27 de Abril de 2004 que instituiu oficialmente o Atendimento Pré-Hospitalar – APH no Brasil e a criação da Portaria 2048 que regulamente a composição de equipes e viaturas de APH no país, o nome APH Tático – APHT foi adotado no intuito de diferenciar o Atendimento Pré-Hospitalar convencional do atendimento realizado em situações táticas. Ainda que hoje seja utilizado de forma corriqueira pelos profissionais e ser objeto de estudos em vários artigos e ser a temática pricipal de vários cursos, não havia qualquer referência oficial ao termo, feita por órgão de governo. Foi somente em abril de 2018 que o termo APH TÁTICO, foi construído e estabelecido oficialmente no Brasil, pelo Ministério da Defesa, através da publicação de uma portaria ministerial: a portaria regulamentadora nº 16 de 12 de abril de 2018 – Ministério da Defesa, publicada no Diário Oficial da União, Seção I na Pagina Nº 18, quarta-feira, 18 de abril de 2018.

Hoje, assim como em boa parte do mundo, utiliza-se como uma das principais referências no Brasil, o protocolo Americano Tactical Combat Casualty Care – TCCC, criado pelo DOD e tema do nosso próximo artigo, que estabelece o atendimento no ambiente tático e emprego de superioridade de fogo como exclusividade das forças de segurança pública em virtude da natureza do evento, não esquecidas, as equipes civis que não possuem este poder de responder fogo com fogo, utilizam o protocolo Tactical Emergency Casualty Care – TECC, também tema de nossos próximos artigos).

 

Pelo Colaborador Victor Pinheiro

Sargento de Saúde do Corpo de Bombeiro Militar

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