1. CAC JOAQUIM CARLOS DA SILVA – Fiz uma recarga de 38 SPL +P+ para utilizar na carabina PUMA, utilizando os seguintes componentes:
– estojo lapua 38;
– espoleta CBC 5 ½, lote L-299;
– projétil CBC 158 grains, jaquetado semi encamisado ponta plana da CBC;
– pólvora CBC 219 – lote LF 2399 fabricada em 14.03.2012, com 8,5 grains.
ZECA MATHIAS – A carga que você indicou não é +P, deve ser Ultra +P, pois se uma combinação de projétil de 158 grains com 6,0 grains de pólvora CBC 219 resulta em aproximadamente 20.000 psi (limite do +P), uma carga de 8,5 grains deve estar na borda dos 40.000 psi. Lembre-se que o limite do +P+ é 22.000 psi.
2. CAC JOAQUIM CARLOS DA SILVA – Devo informar que embora a quantidade de pólvora possa chamar a atenção, mas este lote de pólvora, com 8,5 grains no estojo, depois do projétil assentado, ainda sobra mais de 1 mm de espaço entre a pólvora e a base do projetil. Portanto a pólvora não ficou comprimida.
ZECA MATHIAS – Não confie muito na aparência das espoletas. Fatores diversos, tais como câmara da arma, comprimento de cano, temperatura ambiente e até composição do projétil pode disfarçar uma alta pressão.
3. CAC JOAQUIM CARLOS DA SILVA – Utilizei cartucho limpos e fiz uma recarga criteriosa e com qualidade, como sempre faço. Inclusive utilizo até cronógrafo para ver a velocidade e sempre observando os sinais de excesso de pressões nos cartuchos.
ZECA MATHIAS – Estojos disparados em carabinas Puma não devem ser utilizados em revólveres. O certo é a Puma ter seu próprio estoque de estojos. A carabina é uma arma longa adaptada para disparar munição de arma curta, revólver. Por esse motivo a câmara da Puma é levemente cônica, para facilitar a entrada da munição, e isso deforma os estojos num ponto bem baixo do seu comprimento. Essa deformação geralmente não é recuperada no processo de recarga e também altera a pressão inicial da carga de pólvora.
4. CAC JOAQUIM CARLOS DA SILVA – Efetuei vários disparos na carabina puma e percebi pelos sinais nas espoletas que não havia excesso e pressão. Então resolvi atirar com um Smith & Wesson 686 cano de 6 polegadas. Dei vários disparos, pressão normal, mas de repente percebi que alguns tiros geraram pressão elevada, como é mostrado nitidamente na foto.
ZECA MATHIAS – Você não menciona quantos disparos tem seus estojos nem se eles foram cortados no comprimento correto da munição. A Puma tem outra característica em relação aos revólveres: disparos de alta pressão fazem crescer o comprimento do estojo pelo deslocamento (headspace) do ferrolho. Dois disparos num mesmo estojo dessa munição ++P++ vai deixar o estojo mais comprido e isso resulta em crimps diferentes, Um estojo mais longo misturado a vários de comprimento correto resulta num exemplar da munição com mais crimp e, pior, com dificuldade de abrir esse crimp e liberar o projétil. Tenho exemplares de .357 Magnum coletados no clube em que dou consultoria onde a pressão foi tanta que até a espoleta foi expulsa no estoj o. Culpa do comprimento errado do estojo.
5. CAC JOAQUIM CARLOS DA SILVA – Descartei todas as possiblidades, tais como erro na dosagem de pólvora, grimp exagerado em alguns estojo, diâmetro diferente dos projéteis, e orifício da base do cartucho mais largo. No revólver também fiz algumas verificações, como a possibilidade do tambor ter alguma câmara que não esteja bem alinhada com o cano, sujeira no cano e etc…
ZECA MATHIAS – Como já comentado, a Puma tem características de câmara diferente dos revólveres. Assim, é possível que um tiro aparenta ser manso na Puma e excessivo quando disparado no revólver. Lembre-se que no revólver tudo é mais apertado e há a situação de entrada do projétil no cone de forçamento do cano, situação que sempre dá um pouco mais de resistência à passagem do projétil pelo cano.
6. CAC JOAQUIM CARLOS DA SILVA – A única opção que sobrou foi a espoleta, que testando percebi que ela possui uma mistura iniciadora muito forte, gerando uma chama bem maior que as espoletas comuns. E que em algumas poderia ter uma quantidade de mistura ainda maior, causando o excesso de pressão.
ZECA MATHIAS – Quanto à sua carga, recomendo a troca da pólvora. A CBC 219 é de queima média e não é recomendada para cargas +P. A CBC nem faz constar em suas tabelas de .38 Spl cargas com essa combinação. Recomendo a CBC 207, bem mais adequada para cargas quentes e capaz de dar excelentes resultados em canos longos com o da Puma.
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JOAQUIM CARLOS DA SILVA
RANCHARIA – SP
CR 2.050 – 2RM